Great Expectations
Eu poderia falar da mini série da BBC Great Expectations que é muito boa e fez com que eu me interessasse em ler Charles Dickens depois do meu sub-trauma com Oliver Twist de Roman Polansky. Não interessada o suficiente pra de fato ler um livro, mas convencida de que ele talvez seja o último biscoito do pacote como dizem... E considerando que eu sou fã de Harry Potter e pelo que eu entendo de Charles Dickens ele é o autor dos órfãos sofredores eu deveria até investir nisso, acho que eu ia gostar de Dickens! Mas, como eu já disse, eu não estou aqui pra falar de Great Expectations... É um misleading title mesmo. Eu estou aqui pra falar de expectativas. Expectativas e Paralisia Criativa.
Hoje eu resolvi tomar vergonha e publicar um capitulo num blog novo que eu tenho... Um blog de escrita em parceria, algo que eu não tentava fazer desde o fracasso de Peace of Sheet. Como eu já estava com vergonha da parceira, pela minha falta de publicação, decidi que precisava escrever logo! Ela que iniciou o texto, um texto sobre uma temática que eu nunca me aventurei a escrever. Nossa estória também não tem um roteiro geral, é um esquema bem similar à saga de David - você escreve o que quer e para onde quer... Eu sei, é a receita para uma estória louca e sem coesão, eu não estou me iludindo, mas o plano é apenas praticar inglês e manter a amizade, nada mais, nada menos. Por isso, apesar da minha enrolação inicial pra sentar e escrever a minha parte da estória, descobri que quando você senta para escrever nesse estado de espírito sem rumo e principalmente sem achar que vai escrever nada de bom mesmo a coisa flui e você acaba se divertindo. Divertindo mesmo, do tipo escrever pode ser um hobby e não um fardo. Imagino que esteja falando o óbvio, mas o fato é que ultimamente escrever não tem sido divertido. Claro que sempre me divirto tendo a ideia, pensando no que eu quero que aconteça na história. Isso é o que mais tenho feito nos últimos anos. Ok, é tudo que eu tenho feito nos últimos anos!
É claro que é ótimo ter ideias que você acha que são boas e tem potencial, mas o problema é que quando isso acontece você senta para escrever com expectativa sobre aquela estória. Você não quer transformar sua boa ideia num lixo, você quer que ela continue boa. E mesmo que depois você até descobra que ela não era tão boa assim, você não quer pensar que você chegou a esta conclusão porque os diálogos estavam mal escritos, ou os personagens não tinham uma identidade única e memorável. Você quer pensar que você deu tudo de si, que você fez um exercício para ser um escritor melhor. E é aí que você não consegue mais escrever uma linha. Um linha sequer sem pensar "cara, como isso tá um cu". Você quase não escreve, e quando escreve a coisa e lenta e dolorosa, o resultado te joga pra baixo e a vontade de escrever vai sumindo aos poucos e tudo que você quer é esquecer a ideia e ter outra - outra que talvez você ache que você tem habilidade pra escrever à respeito.
Eu falo muito mal da minha famosa fic de Sirius Black. Ela era péssima mesmo. Péssima de verdade! Ela não tinha objetivo, os diálogos eram péssimos, os personagens eram ou Mary Sues ou clichés batidos. Eu roubava descaradamente frases ou situações de livros e filmes (coisas que quando eu releio eu sempre penso "sério que eu achei que ninguém ia notar isso?"). Mas o fato é que durante três anos eu escrevi mais de 300 páginas de estória e isso seria irrelevante sozinho, mas o importante é que se eu pegar o primeiro capítulo e o último anexo que eu escrevi houve uma melhora significativa no meu modo de escrever, os diálogos não eram bons, mas tinham seus momentos e uma personalidade, os personagens já tinham vida própria - eu sabia quem eles eram, não eram mais cópias de outras pessoas - e a estória se remetia a ela mesmo e não à outras obras e estórias. Eu não sai de fanfiqueira à escritora profissional, mas consegui produzir páginas das quais que se eu não me orgulho, pelo menos não sinto vergonha ao reler. Houve um progresso. O problema desta fic em específico é que com o progresso veio o senso crítico e eu decidi aproveitar o que tinha de bom dela e fazer uma nova, do inicio.
Não questiono minha decisão, Sirius vs. Kaho (é, tinha 300 páginas, mas não tinha nome!) era irreparável e a verdade era que eu não tinha vontade de manter minhas ideias iniciais. Então Sirius vs. Kaho virou Sirius vs. Marlene (não eu não dei este nome ao personagem, ela é uma quartenária mencionada no livro. Marlene pra mim é nome de cabeleleira... Eu tive uma cabeleleira chamada Marlene uma vez), mas por mais que essa estória tenha um roteiro, tenha umas duas cenas que eu gosto bastante e sempre tenha sido bem legal de escrever e até mesmo reler as ideias e diálogos, o fato é que ela não vai pra frente. O roteiro não se transforma em uma estória - eu não me sinto a altura da ideia que eu tive, das cenas que escrevi e principalmente, eu não admito escrever uma merda como Sirius vs. Kaho.
Ou seja, se é pra escrever merda é melhor não escrever. E quando você impõe isso no seu método criativo aparentemente você mata ele. Pelo menos foi assim que eu matei o meu.
Eu acabei por abandonar Sirius e Marlene e fui pro meu conto de fadas do Desafio Redatores! Escrevi roteiros, imaginei cenários, pensei no background dos personagens e do meu reino. Escrevi tudo isso, separei imagens que representam minhas ideias das locações e personagens, desenhei mapas e trilhei a jornada do minha princesa e seu leal escudeiro (que mais tarde a gente descobre que é o príncipe do país vizinho). Mas eu não tenho uma página de uma estória de verdade. A única cena que eu escrevi tem meia página e nenhum dos dois protagonistas aparece. Nada!
Tentei outras estórias, outros fandoms, mas todas as minhas estórias não saem da primeira página e quando eu finalmente consigo escrever uma cena e não um punhado de ideias, a satisfação que sinto é pelo trabalho cumprido e não pelo prazer da escrita. Porque o fato é que eu sempre acho que o resultado é ruim. E talvez ele seja mesmo, mas ele não deveria me impedir de me divertir.
Provavelmente eu nunca serei uma grande escritora, nem mesmo uma grande fanfiqueira, mas quero voltar a escrever e me divertir com isso, mesmo que eu seja a única que está se divertindo com meus textos. Ontem eu li um pedaço de uma fic da nova trilogia de Star Wars, uma das piores coisas que já li na vida e apesar de ter 1138 comentários e 579 favoritos eu não consegui passar do segundo capítulo. Não por preguiça, mas porque era ruim mesmo e quando textos originais de George Lucas surgiam no meio da fic, eles se destacavam como pérolas shakespearianas. E a autora teve a coragem de continuar com aquela porcaria por 62 capítulos e terminar a ideia dela. Talvez o final seja magnifico, talvez ela tenha descoberto o bom da escrita, lá pelo capítulo 20, mas o que importa é que pelo menos ela não desistiu né? E deve tá se divertindo, ninguém escreve 62 capítulos de alguma coisa que não é trabalho nem estudo sem estar se divertindo...
Bom, acho que era só isso que eu tinha pra falar... Era? Sei lá, agora eu tô achando que eu nem precisava ter escrito isso pra começo de conversa (tá vendo? Até em blog sobre nada eu fico criando caso! O.o).
Imagem do Dia: Great Expectations, a série da BBC, que é muito legal mesmo :)
Música: Herrrrr... Hoje eu não tô ouvindo música não e nem estou em nenhuma fase ultimamente...
Frase do Dia: "Write drunk; edit sober." Ernest Hemingway ou um tal de Peter De Vries... Há controvérsias...
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